sexta-feira, 29 de abril de 2016

4 Formas de Começar a Poupar Dinheiro


Um dos grandes problemas da economia das nossas casas é a incapacidade que muita gente, a grande maioria da gente, tem de poupar eficazmente e de uma forma significativa. Isto não se deve a nenhum problema com a economia do país em geral - apesar dessa não ajudar, com os níveis de pobreza cada vez mais altos e os subsídios e afins cada vez mais baixos -, mas sim com o nosso problema como cultura do "deixa andar" e do "logo se vê", que não incute limites importantes nos jovens em termos de saber poupar e de gastar correctamente o seu dinheiro.

O problema não é só nacional. Há muitos fóruns dedicados ao assunto por todo o mundo e o maior problema no que toca à iniciação na poupança é generalizado: na escola não há educação para as economias do dia-a-dia. Talvez haja nalgum país, ou nalguma localidade, mas na maioria das escolas ensinam filosofia, artes plásticas e matemática, mas não ensinam a fazer o IRS, a investir, o que são juros e contas bancárias, o que é uma hipoteca, e uma enorme lista de coisas com as quais, chegando a meio dos seus 20 anos (às vezes mais, às vezes menos) , os jovens acabam por ter de aprender sozinhos. 

Não venho explicar o que nenhuma dessas coisas são, até porque ainda não as percebo bem eu mesma, mas venho falar de uma coisa que tenho estava a me ensinar, estando prestes - espero - a iniciar uma vida fora do tecto dos pais. Há muito tempo que tenho tentado fazer um esforço consciente para poupar dinheiro, fazer menos gastos supérfluos e reutilizar tudo aquilo que consigo. A verdade é que muitas vezes não nos vamos apercebendo e a conta vai diminuindo, sem perceber para onde foi o dinheiro e sem depois o poder usar para coisas que, de facto, são precisam ou nos são importantes.

Começo por dizer que ganho cerca de 800€ mensais. Uh, é tabu, Rita, não podes dizer o teu salário que o menino Jesus fica zangado. Odeio essa conversa. Odeia que quando se fala do assunto, há sempre alguém que diz que ninguém tem nada a ver com isso, e odeio especialmente se for alguém jovem que, rodeado de outros jovens, não quer dizer isso. Ninguém é obrigado a fazê-lo, claro, mas
se o nosso país está a passar por uma crise tão grande e se os nossos jovens trabalham em condições precárias, porque não, quando em situação de conversa entre amigos, ser honesto e aberto na discussão, para que toda a gente possa perceber se e como pode melhorar a sua situação laboral ou financeira.

Em conversa com a maioria dos meus amigos esta discussão é como, eu acho, deve ser. Toda a gente comenta o seu salário, falamos sobre o horário, horas extras, dinheiro gasto em transportes e alimentação... Estamos (quase) todos a iniciar a vida adulta e considero este tipo de discussões inestimáveis, porque nos permite ver se a posição que ocupamos é bem paga, ou, pelo menos, se o salário é justo e dentro da norma, se as horas extras são recompensadas em alguma empresa (nota: não são), se a forma como o nosso chefe nos trata é apropriada, entre várias outras situações que só podem surgir se houver uma discussão honesta sobre o tema.

Voltando ao meu salário: dos 800€, tento sempre poupar 550€. Muitas vezes não é possível e muitas vezes não sei porquê. 250€ é mesmo muito dinheiro, mas acaba por ir sempre desaparecendo ao longo dos 20 dias úteis entre recebimentos. O objectivo principal é tentar, enquanto possível, reverter a regra básica da poupança: 1/3 de poupança, 2/3 de consumo para 2/3 poupança, 1/3 consumo. Sem muitas despesas

Aproveito para deixar a nota que este tipo de poupança é estupidamente mais fácil porque vivo com os meus pais e não tenho despesas fixas para além de transporte, alimentação e telemóvel. Por outro lado, o meu objectivo é poupar o suficiente para poder iniciar, logo que possível, a próxima etapa sem recorrer a empréstimos (para além do da casa e, possivelmente, do carro) e sem precisar da ajuda de mais ninguém - claro que, pais, avós e tios, se me quiserem dar mais dinheiro e/ou coisas bonitas, são sempre bem vindos.

É neste tipo de mentalidade que, nos últimos meses, tentei fazer um plano para ter a certeza que seguia o plano... o plano de poupança que fiz para mim mesma. Neste processo, usei 4 formas de controlar os meus gastos e de me cingir ao limite que para mim impus:

1. Não usar cartão
O primeiro passo é pagar a nós mesmos: levantar os 250€ e deixar os 550€ que queremos poupar na conta bancária. Se não houver um limite físico que nos restringe corremos o risco de nos distrairmos e gastar muito mais do que queríamos, ou esperávamos. Não usar cartão traz paz ao espírito: voltamos à mesada que os nossos pais nos davam, é aquilo que temos para gastar e nada mais. Se com 15 anos conseguia ir ao cinema com 10€ no bolso e passear e estar com os amigos a semana toda, não vejo porque é que, com algumas alterações, não posso perfeitamente gastar - veja-se o exagero - 62,50€ por semana. O dinheiro não parece real se está a ser usado sob a forma de um cartão. Dinheiro vivo, quando vemos as notas a saírem da carteira, traz muita mais restrição.
2. Usar o nosso saldo bancário como patamares a alcançar
A forma mais eficiente que encontrei para me manter mesmo em linha era criar patamares na minha conta bancária. Mesmo se não queria levantar 250€ de cada vez, estava sempre restrita pelo patamar-limite, ou seja, se tinha 0€ e o meu salário entrou e passei a ter 800€, não podia nunca passar os 550€. Às vezes parece um grande sacrifício, até porque, quando queremos fazer algo de mais extravagante olhamos para a conta e pensamos "tenho dinheiro para fazer isto, o que me pára?", mas o que me parou foi sempre esse limite. Da próxima vez, quando o salário entrar, os 1000€ vão ser o meu limite. Considero esse patamar como se fosse 0€, não contam e não os posso gastar.

3. Tomar nota de todos os pagamento feitos
Este é difícil. É difícil porque é chato e demora tempo e se nos esquecemos uma vez ficamos-nos a sentir mesmo culpados. É, no entanto, uma das formas mais óbvias de poupar, porque nos obriga a tomar consciência, constantemente, de para onde vai o nosso dinheiro. Pessoalmente, gosto de apontar todos os gastos. É quase um desafio: apontar todos os gastos do dia, mesmo os 40 cêntimos do pão ou os 50 cêntimos da água. Chegando ao fim do mês, quando passamos a pente fino todos os gastos, podemos ter uma visão clara e categorizada das nossas despesas, sejam elas em alimentação, lazer, casa, etc. Da primeira vez que fiz este exercício assustei-me com a quantidade de vezes que ia comer fora!

4. Estabelecer objectivos
Mas estamos a poupar para quê? Se não criarmos objectivos não temos uma ideia correcta daquilo que temos de poupar, do tempo que vai demorar e podemos acabar por perder a motivação de continuar. A melhor solução é, num documento em papel que esteja frequentemente perto de vocês (eu escolhi usar uma página sem eventos da minha agenda), escrever o vosso orçamento para projectos que queriam completar: viagens, luxos materiais, emergências, preparação para o futuro, etc; e adjudicar um tempo limite e um valor a poupar até lá para aquela situação. Também gosto de planear quais os meses que vão para que projecto, para poder ir trabalhando em cada um gradualmente.


E vocês, quais as vossas dicas para quem está a tentar poupar?

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