sexta-feira, 18 de março de 2016

4 Dicas para Começar a Escrever




Há muito tempo que penso em pôr os meus pensamentos em palavras. Quantos de nós pensamos no mesmo? Há tanta coisa que queremos dizer, inundados diariamente de estímulos auditivos, visuais, mentais, que mexem connosco e nos fazem querer exprimir; mas poucos são aqueles que acabam, por falta de tempo, por medo de falhar ou por preguiça, escrever aquilo que, todos os dias, circundam a mente.

Sempre tive problemas com a escrita. Falo muito, com entusiasmo, e sem falta de tópicos, mas escrever é outra questão inteiramente. Requer cuidado, subtileza, paciência e fluidez, que muitas vezes fazem falta na língua falada. Há menos palavrões, menos interjeições, menos pausas e menos disparates. Ou se os há são mais planeados. Quando falamos damos muito mais de nós do que quando escrevemos. Escrever é um acto minucioso de nos expôr-nos na melhor luz possível. Será que estou a usar a expressão certa? Será que o verbo é conjugado desta forma? Será que este “vocábulo” é o correcto ou deveria mesmo usar “palavra” e tentar soar menos pretensiosa?

Decidi, então, que na procura de uma Rita melhor, mais atenciosa, mais perfeccionista e mais introspectiva, iria tentar escrever. Expôr-me desta forma é assustador. Não sei quem pode ler este texto ou os outros que, espero, irei escrever; não sei o que vou escrever ou que consequências poderá ter; não sei se me vou arrepender. A verdade é que, sem pessoas a quem me expôr inteiramente, a escrita acaba por ser uma plataforma sem limites e sem restrições, e isso pode pôr-me em apuros.

Nesta aventura que vou iniciar, tentei, então, perceber qual a melhor forma de criar um hábito pensado e estruturado que consiste em escrever:

1. Escrever 30 minutos todos os dias. Parece simples, mas não é. É o mesmo que dizer que devemos fazer exercício todos os dias. Se temos responsabilidades, vidas sociais que não podem ser (nem teria piada se fossem) planeadas, ou uma tendência humana para a preguiça, como é que podemos criar um hábito que não nos parece, pelo menos para já, natural?

Para mim, a solução passa por escrever durante a minha hora de almoço. Tenho 45 minutos a mais que não uso a não ser para navegar na Internet sem qualquer objectivo ou interesse. Esse tempo, que de outra forma serve para encher chouriços, pode perfeitamente ser usado responsavelmente para me sentir mais produtiva e, espero, mais leve na cabeça.

2. Escrever sem tema fixo. O problema dos blogs é que são sempre escritos para um audiência. Os autores podem dizer que não, mas com a excepção dos blogs pessoais, se há um tema fixo (beleza, música, tecnologia, automóveis, imobiliário, família, etc.) é porque fazemos um esforço, mesmo que inconsciente, de apelar às pessoas que nos seguem, porque estão interessadas naquele tema em concreto.

Para mim, isso não funciona.Em quase 15 anos de presença online, nunca consigo manter um blog. Consegui, por um período muito engraçado, manter um diário online, que contava as peripécias do meu dia-a-dia a pessoas que eu nunca conheci, salvo rara, mas querida, excepção. O problema maior, parece-me, é a pressão de ter algo de novo, uma perspectiva pessoal em várias questões sobre o mesmo tópico, quando um ser humano tem milhares de dimensões que não podem ser só desconstruídas em críticas a produtos, ou arte, ou marcas, ou a constante demonstração de que tudo é perfeito no nosso trabalho ou vida pessoal.

Não ter tema fixo permite-me falar sobre aquilo que me afaga a mente nesse dia. Ilustrar as questões que me enervam no autocarro a caminho de casa, ou explicar porque é que os meus álbuns de adolescência são melhores do que os do meu namorado (não são, temos ambos óptimo gosto musical), ou criar uma discussão em torno da notícia do dia. Não ter tema fixo liberta a escrita, remove a pressão de escrever para uma audiência e permite chegar aos assuntos que realmente precisam de sair da nossa cabeça, que, penso, ser o objectivo fundamental da escrita.

3. Escrever sem restrições. Não parar para reler aquilo que escrevemos, corrigir erros ou gramática, sem acabar primeiro de pôr por palavras tudo o que surge em cascata dos nossos pensamentos. Se chegamos a um empasse, a única solução é continuar, porque estagnar nunca é solução e podemos encontrar algo interessante na maluquice da continuação sem limites.

Para mim, escrever sem pensar no que tenho de corrigir ajuda-me a criar uma maior fluidez de ideias, que tento serem o máximo possível, uma reflexão de mim como pessoa, como falante, sem me aliar demais à pretensiosidade do discurso escrito, de que falei acima. Escrever constantemente não afecta ninguém se não estivermos a escrever para uma audiência, apenas beneficia a nossa mente à medida que a libertamos.



4. Escrever numa folha limpa. A facilidade com que me consigo concentrar com uma folha branca à frente é impossivelmente superior a abrir uma página do browser com o editor de texto do blog. Não há ideias pré-concebidas, não há sugestões em relação aos posts que foram mais populares ou melhor recebidos, não há sequer a pressão de ter de postar isto em lugar nenhum. É só uma pessoa a falar com uma página, que espera que a compreenda.


Para mim, há uma beleza enorme na folha branca. Quando, ontem à noite, me senti imensamente desapontada com a minha vida, sem dúvida uma consequência menor de estar com o período, não me senti melhor por escrever, mas o facto de o ter feito foi terapêutico de qualquer forma. Expus o que pensei, como me senti, sem medo de retaliação ou se julgamento. Era só eu, uma página em branco e a luz do candeeiro do quarto. Há algo muito belo nessa imagem e faz-nos sentir, se nada mais, muito mais próximos de nós mesmos.

Estão a acabar os 30 minutos que me impus. Falta corrigir agora texto, ver os erros gramaticais e editar as palavras mal escritas. Sinto que fiz um bom trabalho: falei sem preconceitos, daquilo que me foi chegando, e sem medo de ser descoberto que eu sou isto, não aquilo que me fazem ser. Quando estou sozinha, a pensar, é esta a minha personalidade. Não preciso que mais ninguém goste dela, porque é impossível alguém a conhecer sem ser nestes textos que eu cuidadosamente irei editar. Só quando estamos sozinhos é que somos verdadeiramente francos, quer queiramos escrever sobre isso ou não.

Por mim, esta parece uma boa solução ao redemoinho na minha cabeça.

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3 comentários:

  1. Olá Rita!!!
    Primeiro que tudo, obrigada pela tua visita no meu blog! :-)
    Por acaso a minha missão para esta semana é escrever mais! O teu post me lembrou do projecto 750 words, conheces? É um site que incentiva a escrever tudo o que vem na mente, sem corrigir, sem ter tema fixo, diga-se, sem pensar! O link deles é este: http://750words.com
    Sendo que eu fiz um post explicando o site aqui: http://www.musicacomcafe.net/2015/03/porque-escrevo-750-palavras-por-dia.html
    Verifica se é do teu agrado. Se bem que se preferes papel mesmo, aí só um caderno liso (sempre prefiro aqueles sem linhas!)

    É muito bom escrever...e partilhar as experiências. Fico contente por te ver pela blogosfera!
    Um beijinho e uma boa semana!

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  2. Respostas
    1. Obrigada, querida! Espero que gostes dos futuros textos. Prometo que tenho uma ou outra coisa sobre maquilhagem haha

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